domingo, 16 de fevereiro de 2014

Na balada da chuva...

A flor mais humilde

Voltarei.
À tarde, quando os sinos percutem no aço das calçadas
e o vento sul carrega seus ocos cilindros

os cavos ecos dum passado de armadilhas, de esporas e de espadas. 
Voltarei, ao crepúsculo.
Entrarei no templo e

deixarei
nos claustros da noite uma rosa tecida de orvalho e de sangue. 

Uma rosa de cinza e esquecimento. 
Ou talvez um lírio, a flor mais humilde 
adormecida numa tela de Grão Vasco.

*Albano Martins*

Em “As Escarpas do Dia”, Edições Afrontamento, Porto/Portugal, 2010.

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